sábado, 27 de janeiro de 2018

silabas

descobre o crepúsculo
salgando as mãos de silêncio
nas grutas esconde os olhos
e as nuvens sufocam os mares

na enorme cidade de ti
não temas o assombro
que te rasga em pontes imaginárias
não fujas das montanhas
enlameadas de neve
que aquecem os teus sonhos
não te esqueças do coração
que te arrefece na boca
e as silabas cobrirão
as pupilas ao mundo

a anémona do teu rosto
adormece no ocaso

Carlos Vinagre

o sol que mendiga

anoitece nos braços
a luz que abisma

na centelha da terra
as feridas acorrentam
o caudal que escurece

anoitece nos braços
o sol que mendiga

Carlos Vinagre

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

27 de Janeiro de 2018

Regresso a este espaço, sem grandes propósitos. Apenas sinto um pulsão que me obriga a ter que redigir algumas impressões, anotar os meus pensamentos, colorir o tempo com palavras, imaginar as mais variadas digressões - desenhar alguns quadros, um exercício salutar que nos ajuda a viver.

Carlos Vinagre

segunda-feira, 6 de março de 2017

no mar das colmeias

no mar incendeia
o horizonte que floresce
nas brumas
levanta o rosto
e sente o frio
que rodeia o mundo
a cera não se esgota
na casa abandonada
nem a orla suspende o infinito
que perfura a carne
no quintal onde
a angústia atravessa o sangue
como um pesadelo
triturado na espuma
o pescoço
sofre nas colmeias

Carlos Vinagre

o guarda sol

o guarda-sol
espera a sua eficácia
revolve as mãos
à procura de alguma manhã 
que queime a cicatriz
- os olhos dobram o dia
na chuva que ossifica
a terra

Carlos Vinagre